Nas últimas décadas a sociedade tem
estabelecido uma relação com a natureza alvo de vários questionamentos da parte
de ecologistas, pesquisadores, ONGs, órgãos públicos, que tentam a todo
instante alertar sobre os vários impactos ambientais causados pelas diversas
atividades econômicas e estilos de vida da sociedade, que por conta da
exploração intensiva dos recursos naturais colocam em risco a própria
existência humana.
Até há dois milhões de anos quando,
segundo as últimas descobertas paleontológicas, surgiu na terra o Homo, nenhum
ser vivo havia efetivamente comprometido, pelo desenvolvimento e pelo triunfo
de suas populações, a perenidade da biosfera – essa região superficial de nosso
planeta onde a vida é possível. (Charbonneau 1979, p. 110)
A produção em larga escala e o
consumo exagerado acarretam além do esgotamento dos recursos naturais, o
comprometimento de ambientes inteiros, já que a população não sabendo que
destino dar a tantas embalagens e objetos em desuso acaba jogando-os nos rios,
riachos, solos, florestas, etc.Além do aumento em si da quantidade de lixo
devido ao aumento constantes dos níveis de consumo, devemos considerar o fato
de que esse mesmo lixo se torna a cada dia menos orgânico, e portanto, menos
degradável.
Wallace (1978) explica que:
O lixo acumula-se porque é –
momentaneamente – mais barato jogar fora garrafas, carros usados e velhos
refrigeradores do que restituí-los ao uso. O estrume acumula-se nas fazendas,
porque o fertilizante artificial é mais barato de comprar e usar; transportar o
estrume para os campos e espalhá-lo exige um trabalho custoso. Os resíduos
industriais são lançados nos rios ou no ar porque são subprodutos indesejáveis
de um empreendimento comercial que é, quanto ao mais, lucrativo. (Wallace 1978,
p. 167)
Os números impressionam: a produção
de lixo doméstico passou de 200kg por habitante/ano em 1960 para 540kg em 2000,
o que representa 1,5kg por dia, quantidade modesta se comparada aos 5kg diários
produzido pelos norte-americanos: campeões mundiais de consumismo.Quando
multiplicadas pelo número de habitantes, tais quantidades se tornam
assustadoras (Equipe Planeta, set. 2006).
O mais impressionante é o ritmo
acelerado com que a população mundial está crescendo. Os quase sete bilhões de
indivíduos produzem 30 bilhões de toneladas de lixo por ano, os 300 milhões de
americanos são ao que mais consomem e mais poluem.
Como se livrar de todo esse lixo? A
reciclagem do lixo urbano seria uma solução ao assumir um novo comportamento
diante do meio ambiente.
LIXO: DEFINIÇÃO E
CLASSIFICAÇÃO
Derivada do termo latim lix, a
palavra lixo significa "cinza" e recebe a interpretação de sujeira,
imundice, coisa inúteis e sem valor. Segundo o Dicionário Aurélio, lixo é
"Tudo o que não presta e se joga fora; Coisa ou coisas inúteis, velhas,
sem valor; Resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais,
comerciais." Já, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), lixo é definido como os "restos das atividades humanas,
consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis."
O lixo pode ser classificado quanto
ao seu estado físico (sólido, líquido e gasoso) e quanto à sua origem
(doméstico, comercial, industrial, hospitalar, espacial, etc.) O lixo doméstico
e industrial tende a ser cada vez mais perigosos. Carburantes, produtos
inflamáveis, irritantes, alérgenos, cancerígenos, corrosivos, tóxicos,
infecciosos, perturbadores dos processos reprodutivos: está é apenas uma lista
incompleta dos males que eles podem causar. Apesar desses perigos comprovados,
sua produção não para de crescer como um subproduto da industrialização de da
urbanização.
Com o advento da era industrial, a
natureza dos dejetos tornou-se muito mais complexas: novos materiais são empregados
e se observa uma enorme diversificação dos bens fabricados com metais,
plásticos, materiais usados na eletrônica e na fabricação de eletrodomésticos,
os quais contêm metais pesados e se degradam mal (muitas vezes não se
degradam).
ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO PARA O LIXO
Nos biomas naturais, o solo possui
uma dinâmica pela qual os restos orgânicos dos seres vivos, o seu lixo, são
reciclados e reaproveitados nos ciclos biogeoquímicos. Nas cidades ao
contrário, isso não acontece.De acordo com dados estatísticos do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o destino do lixo no país é ficar
a céu aberto em 75% dos casos. Amontoados sobre o solo, o lixo aí se infiltra
poluindo os lençóis freáticos ou poluindo a atmosfera quando queimado. Apenas
em 25% das cidades recebem tratamento mais adequado, sendo 12% em aterro
controlado e o restante em compostagem, incineração e reciclagem.
A ausência da reciclagem produz o
acúmulo do lixo, criando graves problemas ecológicos e de saúde pública. Rico
em matéria orgânica e produtos recicláveis, esse lixo possui quatro
alternativas de destino: disposição em aterro sanitário, incineração,
compostagem e reciclagem.
No aterro sanitário, o lixo é
acondicionado no solo, em camadas sucessivas de espessuras pré-determinadas,
depois cobertas por uma camada de solo argiloso, para posterior compactação.
Nos países desenvolvidos, os dejetos são separados segundo a sua natureza
(perigosos, descartáveis, inertes, etc.). São recolhidos no interior de
alvéolos mais ou menos impermeáveis, e são depois compactados. Os líquidos
produzidos por essa compactação são drenados e tratados, enquanto os gases são
eliminados ou, como no caso do metano, reaproveitados. Mas, apesar dos
cuidados, o controle não é total, ocorrem perdas de gases e o tratamento dos
líquidos é muito problemático, sem falar no mau cheiro que tais processos
geram.
Nos casos dos dejetos incinerados,
não existe triagem prévia, a não ser para os dejetos industriais perigosos. A
queima ocorre a 100°C. A incineração diminui de 85 a 95% do volume dos dejetos,
mas trata-se de um processo muito caro e que concentra as substâncias
poluidoras nas cinzas. Elas são, em seguida, enviadas para centros especiais de
estocagem. E o que acontece é que tais centros se tornam rapidamente
insuficientes exigindo áreas cada vez mais extensas para a construção de novos
centros.
A compostagem é destinada ao lixo
orgânico (resto de comida, folhas, pedaços de couro, gravetos de madeira, etc.)
na qual através de um processo biológico aeróbico desenvolvido geralmentepor
bactérias efungos a matéria orgânica é transformada em húmus ( adubo orgânico)
sendoum dos processos de reciclagem de lixo mais antigo e de acordo com as
exigências modernas, um processo comprometido com a proteção ambiental, já que
trata resíduos contaminados, controlando a poluição; com a saúde pública, por
quebrar ciclos evolutivos de vetores, eliminando-os; e com o resgate da
cidadania por criar empregos e incentivar a agricultura, uma vez que o composto
orgânico resultante desse processo exerce profundos efeitos nas propriedades do
solo, resultando no aumento da produtividade vegetal, na recuperação do solo
esgotado e no controle a erosão.
Na busca de uma solução para o
problema do lixo, a reciclagem surge como uma das alternativas mais viável para
o meio ambiente. De acordo com o MANUAL DE GERENCIAMENTO INTEGRADO apudSilva
( 2006 ) :
A reciclagem é o resultado de uma
série de atividades, através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão
no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem
usados como matéria prima na manutenção de bens, feitos anteriormente apenas
com matéria-prima virgem. (Zenita Silva 2006, p. 21)
A NECESSIDADE DE RECICLAR
Como primeiro passo na prática de
reciclar precisamos rever o conceito que temos de lixo, deixando de enxergá-lo
como uma coisa suja e inútil.É preciso perceber que o lixo é fonte de riqueza e
que pra ser reciclado deve ser separado.
Ao reciclar estamos economizando
energia, poupando recursos naturais e trazendo ao ciclo produtivo o que jogamos
fora.
A
implantação de um processo de reciclagem tem, entre outras, as vantagens também
de preservação ambiental, geração de emprego e renda, economia na importação de
matérias primas, economia na exploração de recursos naturais e redução de custo
de produção pelo aproveitamento de produtos recicláveis pela indústria.
Nem
sempre a coleta seletiva do lixo oferece resultados lucrativos se não há uma
política de destinação para o lixo.
As características do lixo
determinam a coleta necessária e o armazenamento correto. Para que isso possa
acontecer, é preciso reeducar as pessoas, incentivando-as a separar o material
que vão jogar fora. Porém, de nada adiantará estimular a população a fazer a
seleção de seu lixo, se não existir uma estrutura para o recolhimento e o encaminhamento
do que foi separado. Portanto, devem –se criar aportes voluntários e aumentar o
número de postos de coleta seletiva. (Almeida e Maia 2002, p. 11)
Nenhum comentário:
Postar um comentário