quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O lixo e sua problemática

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a sociedade tem estabelecido uma relação com a natureza alvo de vários questionamentos da parte de ecologistas, pesquisadores, ONGs, órgãos públicos, que tentam a todo instante alertar sobre os vários impactos ambientais causados pelas diversas atividades econômicas e estilos de vida da sociedade, que por conta da exploração intensiva dos recursos naturais colocam em risco a própria existência humana.

Até há dois milhões de anos quando, segundo as últimas descobertas paleontológicas, surgiu na terra o Homo, nenhum ser vivo havia efetivamente comprometido, pelo desenvolvimento e pelo triunfo de suas populações, a perenidade da biosfera – essa região superficial de nosso planeta onde a vida é possível. (Charbonneau 1979, p. 110)

A produção em larga escala e o consumo exagerado acarretam além do esgotamento dos recursos naturais, o comprometimento de ambientes inteiros, já que a população não sabendo que destino dar a tantas embalagens e objetos em desuso acaba jogando-os nos rios, riachos, solos, florestas, etc. Além do aumento em si da quantidade de lixo devido ao aumento constantes dos níveis de consumo, devemos considerar o fato de que esse mesmo lixo se torna a cada dia menos orgânico, e portanto, menos degradável.

Wallace (1978) explica que:

O lixo acumula-se porque é – momentaneamente – mais barato jogar fora garrafas, carros usados e velhos refrigeradores do que restituí-los ao uso. O estrume acumula-se nas fazendas, porque o fertilizante artificial é mais barato de comprar e usar; transportar o estrume para os campos e espalhá-lo exige um trabalho custoso. Os resíduos industriais são lançados nos rios ou no ar porque são subprodutos indesejáveis de um empreendimento comercial que é, quanto ao mais, lucrativo. (Wallace 1978, p. 167)

Os números impressionam: a produção de lixo doméstico passou de 200kg por habitante/ano em 1960 para 540kg em 2000, o que representa 1,5kg por dia, quantidade modesta se comparada aos 5kg diários produzido pelos norte-americanos: campeões mundiais de consumismo. Quando multiplicadas pelo número de habitantes, tais quantidades se tornam assustadoras (Equipe Planeta, set. 2006).

O mais impressionante é o ritmo acelerado com que a população mundial está crescendo. Os quase sete bilhões de indivíduos produzem 30 bilhões de toneladas de lixo por ano, os 300 milhões de americanos são ao que mais consomem e mais poluem.

Como se livrar de todo esse lixo? A reciclagem do lixo urbano seria uma solução ao assumir um novo comportamento diante do meio ambiente.

LIXO: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Derivada do termo latim lix, a palavra lixo significa "cinza" e recebe a interpretação de sujeira, imundice, coisa inúteis e sem valor. Segundo o Dicionário Aurélio, lixo é "Tudo o que não presta e se joga fora; Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor; Resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais, comerciais." Já, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), lixo é definido como os "restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis."

O lixo pode ser classificado quanto ao seu estado físico (sólido, líquido e gasoso) e quanto à sua origem (doméstico, comercial, industrial, hospitalar, espacial, etc.) O lixo doméstico e industrial tende a ser cada vez mais perigosos. Carburantes, produtos inflamáveis, irritantes, alérgenos, cancerígenos, corrosivos, tóxicos, infecciosos, perturbadores dos processos reprodutivos: está é apenas uma lista incompleta dos males que eles podem causar. Apesar desses perigos comprovados, sua produção não para de crescer como um subproduto da industrialização de da urbanização.

Com o advento da era industrial, a natureza dos dejetos tornou-se muito mais complexas: novos materiais são empregados e se observa uma enorme diversificação dos bens fabricados com metais, plásticos, materiais usados na eletrônica e na fabricação de eletrodomésticos, os quais contêm metais pesados e se degradam mal (muitas vezes não se degradam).

ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO PARA O LIXO

Nos biomas naturais, o solo possui uma dinâmica pela qual os restos orgânicos dos seres vivos, o seu lixo, são reciclados e reaproveitados nos ciclos biogeoquímicos. Nas cidades ao contrário, isso não acontece. De acordo com dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o destino do lixo no país é ficar a céu aberto em 75% dos casos. Amontoados sobre o solo, o lixo aí se infiltra poluindo os lençóis freáticos ou poluindo a atmosfera quando queimado. Apenas em 25% das cidades recebem tratamento mais adequado, sendo 12% em aterro controlado e o restante em compostagem, incineração e reciclagem.

A ausência da reciclagem produz o acúmulo do lixo, criando graves problemas ecológicos e de saúde pública. Rico em matéria orgânica e produtos recicláveis, esse lixo possui quatro alternativas de destino: disposição em aterro sanitário, incineração, compostagem e reciclagem.

No aterro sanitário, o lixo é acondicionado no solo, em camadas sucessivas de espessuras pré-determinadas, depois cobertas por uma camada de solo argiloso, para posterior compactação. Nos países desenvolvidos, os dejetos são separados segundo a sua natureza (perigosos, descartáveis, inertes, etc.). São recolhidos no interior de alvéolos mais ou menos impermeáveis, e são depois compactados. Os líquidos produzidos por essa compactação são drenados e tratados, enquanto os gases são eliminados ou, como no caso do metano, reaproveitados. Mas, apesar dos cuidados, o controle não é total, ocorrem perdas de gases e o tratamento dos líquidos é muito problemático, sem falar no mau cheiro que tais processos geram.

Nos casos dos dejetos incinerados, não existe triagem prévia, a não ser para os dejetos industriais perigosos. A queima ocorre a 100°C. A incineração diminui de 85 a 95% do volume dos dejetos, mas trata-se de um processo muito caro e que concentra as substâncias poluidoras nas cinzas. Elas são, em seguida, enviadas para centros especiais de estocagem. E o que acontece é que tais centros se tornam rapidamente insuficientes exigindo áreas cada vez mais extensas para a construção de novos centros.

A compostagem é destinada ao lixo orgânico (resto de comida, folhas, pedaços de couro, gravetos de madeira, etc.) na qual através de um processo biológico aeróbico desenvolvido geralmente por bactérias e fungos a matéria orgânica é transformada em húmus ( adubo orgânico) sendo um dos processos de reciclagem de lixo mais antigo e de acordo com as exigências modernas, um processo comprometido com a proteção ambiental, já que trata resíduos contaminados, controlando a poluição; com a saúde pública, por quebrar ciclos evolutivos de vetores, eliminando-os; e com o resgate da cidadania por criar empregos e incentivar a agricultura, uma vez que o composto orgânico resultante desse processo exerce profundos efeitos nas propriedades do solo, resultando no aumento da produtividade vegetal, na recuperação do solo esgotado e no controle a erosão.

Na busca de uma solução para o problema do lixo, a reciclagem surge como uma das alternativas mais viável para o meio ambiente. De acordo com o MANUAL DE GERENCIAMENTO INTEGRADO apudSilva ( 2006 ) :

A reciclagem é o resultado de uma série de atividades, através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem usados como matéria prima na manutenção de bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima virgem. (Zenita Silva 2006, p. 21)

A NECESSIDADE DE RECICLAR

Como primeiro passo na prática de reciclar precisamos rever o conceito que temos de lixo, deixando de enxergá-lo como uma coisa suja e inútil. É preciso perceber que o lixo é fonte de riqueza e que pra ser reciclado deve ser separado.

Ao reciclar estamos economizando energia, poupando recursos naturais e trazendo ao ciclo produtivo o que jogamos fora.

A implantação de um processo de reciclagem tem, entre outras, as vantagens também de preservação ambiental, geração de emprego e renda, economia na importação de matérias primas, economia na exploração de recursos naturais e redução de custo de produção pelo aproveitamento de produtos recicláveis pela indústria.

Nem sempre a coleta seletiva do lixo oferece resultados lucrativos se não há uma política de destinação para o lixo.

As características do lixo determinam a coleta necessária e o armazenamento correto. Para que isso possa acontecer, é preciso reeducar as pessoas, incentivando-as a separar o material que vão jogar fora. Porém, de nada adiantará estimular a população a fazer a seleção de seu lixo, se não existir uma estrutura para o recolhimento e o encaminhamento do que foi separado. Portanto, devem –se criar aportes voluntários e aumentar o número de postos de coleta seletiva. (Almeida e Maia 2002, p. 11)

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