O governador Antônio Anastasia lançou, nesta semana, o Programa Aliança pela Vida, numa parceria com entidades da sociedade civil para o combate às drogas, principalmente o crack. As ações serão voltadas ao atendimento de usuários, dependentes de drogas e familiares, além da capacitação de profissionais de saúde e do sistema de defesa social. O programa também vai atuar na repressão ao tráfico.
Não há como esconder a ‘droga’ debaixo do tapete: Dados indicam que o consumo de crack avança no Brasil. A palavra “Crack” quer dizer “estouro”. E a droga realmente explodiu entre nós. O uso do crack começou entre moradores de rua, como uma alternativa mais barata à cocaína. Hoje, chegou à classe média, que tem 40% de viciados em todo o país. Agora, temos também o oxi, uma nova e devastadora droga: mais barata e agressiva que o crack.
Já era tempo de sair da inércia e enfrentar o problema das drogas como caso de Saúde Pública: o Programa Aliança pela Vida é bem vindo. Uma das grandes novidades é o recolhimento obrigatório de crianças e adolescentes viciados e que estejam nas ruas, abandonados pelas famílias. Esse recolhimento vai ser acompanhado pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário.
O investimento será de cerca de 70 milhões de reais e, numa primeira etapa, o dinheiro será destinado a algumas ações: uma delas é a rua livre: locais de consumo e venda de drogas vão ser ocupados com atividades culturais, esportivas e de lazer. Essas atividades vão contar com a ajuda de ex-usuários de drogas, capacitados pelo Governo do Estado.
Também serão feitas intervenções urbanas para melhorar a limpeza e iluminação dos locais preferidos dos viciados. Outra ação é a melhoria do atendimento telefônico a usuários de drogas, familiares e população em geral para denúncias de locais de uso e de tráfico.
O SOS Drogas agora vai ser a opção 1 do telefone 155. Como o mundo das drogas é cercado pelo medo e perseguições, as ligações não serão gravadas e nem as pessoas identificadas.
O Canal Minas Saúde, que é uma rede que tem 12 mil pontos de recepção em escolas, postos de saúde e presídios também vai participar do programa: 150 mil profissionais vão ser capacitados para trabalhar no combate ao vício e ao tráfico. Além disso, equipes formadas por psicólogo e assistente social vão atender as famílias de usuários de drogas.
Todas essas medidas e providências trazem novo ânimo a todos nós já que convivemos com uma sociedade doente: o novo mal do século – a depressão, leva muita gente a buscar refúgio na “felicidade química”, proporcionada por drogas legais e ilegais.
Então, sem controle médico, num país que pratica de forma avassaladora a auto-medicação, o recurso às drogas acaba sendo uma forma de “tratamento” de males como a solidão, a insegurança, a falta de perspectivas, a timidez, o medo e outras neuroses.
O consumo e o consumismo, (que são coisas diferentes), acabam por se confundir numa sociedade que valoriza o TER e descaracteriza o SER. A publicidade estimula, muitas vezes, o consumismo da comparação: “eu tenho. Você não tem”. Resultado 1: frustração. Resultado 2: ansiedade e depressão. E, finalmente, resultado 3: afundar nas drogas.
O mercado da droga é, segundo alguns estudos, o terceiro em movimentação financeira no mundo. Nele funciona como nunca, a lei da oferta e da procura. E se numa ponta temos uma sociedade que produz de forma crescente, pessoas mergulhadas em carências e fragilidades psicológicas, culturais e morais, do outro lado temos um “mercado” que oferece “soluções” rápidas (e fatais) para todos os gostos e bolsos.
É simples: Se a heroína é cara, a cocaína pode ser a opção. Se a cocaína não dá, tem a maconha. Ainda tá fora do orçamento? Tem problema não, olha o crack e o oxi aí, gente!
É. São realmente bem vindas as medidas anunciadas pelo governo. Mas a maioria delas aponta para o auxílio e tratamento de dependentes e suas famílias, o que é necessário e urgente. Mas o essencial está na prevenção. Evitar que a criança, o adolescente ou o jovem primeiro se perca, para somente depois, tentar uma duvidosa recuperação. Não dá para fugir do discurso de sempre, que precisa virar prioridade e realidade: EDUCAÇÃO.
Os professores da Rede Estadual estão em greve há, praticamente, dois meses. Não vamos discutir aqui as razões e a falta de razão de cada um dos lados. Aliás, na guerra de comunicados, quem fica sem comunicação nenhuma é o cidadão, incapaz de saber com quem está a verdade dos números e dados. O FATO é que, há quase dois meses, muitos alunos estão ociosos, sem aulas, sem ter o que fazer.
Os pais, saem para trabalhar, ansiosos, aflitos. Há os que tem com quem deixar os filhos. Outros não.
Para a criança e o adolescente, sobra a TV, o videogame, a porta da rua. A porta da rua…
Quem está à espera do garoto, da garota, ali na esquina?
Mas vamos acreditar. Com o Programa Aliança pela Vida, tem que ser diferente! Que o SubSecretário Cloves Benevides consiga reunir infraestrutura que garanta os leitos necessários, os psicólogos e assistentes sociais (entre outros profissionais) em quantidade e qualidade suficientes e satisfatórias. Que o governador Antônio Anastasia assegure os recursos essenciais a um Programa que não se perca na burocracia nem na falta de dinheiro.
Não se pode frustrar a expectativa de milhares de pessoas que sofrem direta ou indiretamente vendo filhos, parentes, conhecidos passando de doentes a contraventores – potenciais ladrões e assassinos – uma ameaça a eles próprios e à toda sociedade. Minas entrou na luta contra as drogas: uma nova esperança para todos.
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