quinta-feira, 8 de março de 2012

VIDA APÓS A VIDA - EDUARDO COSTA - RÁDIO ITATIAIA

Um repórter obtém seu material de trabalho pelas mais diversas vias, mas, em especial, de três fontes: a percepção, pela qual seleciona assuntos de interesse da coletividade; a pauta, preparada por colegas produtores que levantam assuntos e agendam entrevistas, e através do contato direto com as pessoas que sugerem a abordagem de determinado assunto.

Dia desses, Elizabeth Lima procurou-me pedindo que divulgasse a doação de corpos para estudos. E explicou: quando da recente morte de um senhor do qual ela cuidou por muitos anos, foi procurar a Faculdade de Medicina para dizer que ele tinha carteira de doador e se surpreendeu com o bom e ágil tratamento recebido. Pois, atendendo ao pedido de Elizabeth, quero dizer que a doação do corpo, pela pessoa ou sua família, é uma maneira ética, legal e correta de as universidades obterem cadáveres para o ensino de seus alunos.

Aliás, para os médicos ”o cadáver é o mestre anônimo que ensina depois da morte os mistérios da vida”. Nada permite completa integração entre a teoria e a prática como o corpo humano. Dependendo da situação, o doador pode ajudar na melhor formação de profissionais de saúde – médicos, dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros – mas, também, beneficiar pessoas vivas com o aproveitamento de órgãos para transplantes.

Depois de dez anos de atuação, o programa de captação da Faculdade de Medicina da UFMG conta com 300 doadores inscritos e 50 corpos para estudo (cada um pode servir para pesquisas por até cinco anos). Pense nisso. Ligue para o número 3409-9632 e marque encontro com um médico que vai lhe explicar em detalhes como é simples o processo de doação.

Além de ser atitude altruística, a doação pode resolver após a vida alguns dilemas na nossa existência. Os que dão muito valor ao dinheiro, por exemplo, não precisam pagar pelo enterro. Outros, que têm várias (os) amantes se garantem quanto à probabilidade de escândalos durante o velório. E, principalmente, para aqueles que não querem ver os adversários derramando lágrimas e elogios falsos na hora do adeus, é só evitar a cerimônia.

Posso parecer muito frio com algumas considerações, porém, o fato de conhecer outras culturas me transformou… Na Índia conheci um povo que, diante da morte de um dos seus, coloca o defunto sobre uma grande concha e espera que aves de rapina venham fazer seu banquete. A saudade fica de qualquer jeito; a despedida a gente pode escolher.

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