|          |              | 1. Introdução O interesse pela acerola teve início em 1946, quando o       professor Corrado Asenjo, do Instituto de Bioquímica da Universidade de       Porto Rico, descobriu o alto teor de vitamina C que esse fruto possui,       constatando teores de até 4000 mg de ácido ascórbico e deidroascórbico       por 100 g       de polpa. A vitamina C é fator antiescorbútico por excelência, além de       participar ativamente de vários processos metabólicos fundamentais ao       organismo humano. O aumento de seu consumo está particularmente indicado       na dieta de lactantes, crianças e adolescentes, gestantes, nutrizes,       organismos envelhecidos ou portadores de processos infecciosos e       patológicos mais diversos, como gripe, resfriados, hemorragias capilares,       inflamação e sangramento de gengivas, inflamações das articulações, etc. A preocupação com a saúde e o corpo, aliada ao ritmo de vida       intenso, tem provocado mudanças no hábito alimentar das pessoas, que       passaram a preferir alimentação saudável e, ao mesmo tempo, de preparo       rápido e fácil. Nesse contexto, as frutas desempenham importante papel e       têm conquistado novos espaços, tanto no mercado interno quanto no       externo. Os frutos de acerola são excepcionalmente ricos em vitamina C,       contêm vitamina A e constituem-se ainda em boa fonte de ferro e cálcio.       Além disso, contêm tiamina, riboflavina e niacina, precursores da       vitamina B. O cultivo em escala comercial de acerola desenvolveu-se em       algumas regiões tropicais e subtropicais do continente americano e apenas       na década passada, com a crescente demanda do mercado externo, ganhou       status de pomar comercial no Brasil. O aumento da lucratividade dos pomares de acerola por meio       da utilização de cultivares com maior produtividade e conteúdo de       vitamina C, constitui-se no principal desafio do melhoramento genético, a       quem cabe a responsabilidade de gerar clones ou populações com maior       uniformidade genética, que propiciem frutos que satisfaçam aos mais       diferentes paladares, de modo a viabilizar a conquista de mercados mais       exigentes. O melhoramento genético das plantas, por outro lado, envolve       um conjunto de procedimentos, com fundamentação científica, cujo objetivo       é a alteração de características dos cultivares, de modo que os novos       materiais obtidos possibilitem aumento na produtividade e qualidade do       produto final. Para isso, o trabalho pode ser dirigido para caracteres       com adaptação a elevados teores de elementos tóxicos do solo, resistência       a doenças e tolerância a pragas, conformação da copa das plantas mais       adequada à colheita, precocidade, mudanças no comprimento do ciclo de       frutificação e alterações na constituição física e química dos frutos, de       modo que o resultado final seja a maior lucratividade do investidor e a       maior satisfação do consumidor. O conjunto de conhecimentos, métodos e técnicas       desenvolvidos ou aperfeiçoados no século XX na área de melhoramento       genético tem propiciado avanços espetaculares na modificação das plantas,       tanto para as espécies de ciclo curto como para as perenes.       Particularmente com a aceroleira, a carência de informações é decorrente       do reduzido número de melhoristas envolvidos com a cultura, do pouco       tempo em que se pratica o melhoramento da planta e do conseqüente       reduzido número de resultados alcançados. Diante da importância da cultura e dos inúmeros problemas       que esta apresenta, são ainda relativamente poucas as pesquisas. A falta       de variedades definidas tem sido apontada como um dos principais       problemas. A rápida expansão da cultura, associada a métodos inadequados       de propagação, levou à formação de grande parte dos pomares com mudas       provenientes de propagação sexuada, com grande desuniformidade. Os       métodos de propagação vegetativa já estão bem definidos e asseguram a       herança das características das plantas matrizes. No entanto, com relação       ao melhoramento e à exploração da variabilidade genética, ainda há muito       a ser feito. São necessários trabalhos de coleta, caracterização e       avaliação de germoplasma, facilitando a identificação e o intercâmbio de       genótipos com características desejáveis, que possam ser recomendados       para cultivo comercial ou utilizado em hibridações. No       entanto, a pesquisa de suporte ao melhoramento é incipiente, sendo       necessários estudos que gerem informações relativas à biologia       reprodutiva, incluindo taxa de cruzamento natural, partenocarpia e       incompatibilidade, desenvolvimento de técnicas de polinização, além de       controle genético e herdabilidade das características de interesse       agronômico. O cultivo da acerola intensificou-se rapidamente no Brasil,       no período de 1988 a       1992, principalmente pela adaptação da planta aos climas tropical e       subtropical, com grande produção de frutos de excelente qualidade, pelo       seu elevado teor de vitamina C e pela intensa demanda no mercado       internacional. |  
 |       |              | 2. Taxionomia e Morfologia2.1. Taxionomia
 A aceroleira pertence à família Malpighiaceae e gênero Malpighia,       o qual é formado por 39 a       41 espécies de arbustos e pequenas árvores, sempre verdes, a maioria       delas encontradas em estado nativo nas Antilhas, América Tropical, em       grande parte do México, América Central e Ilhas do Caribe, sendo       cultivadas principalmente como plantas ornamentais e poucas delas       exploradas como espécies frutíferas. Reino: Plantae Divisão: Tracheophyta Subdivisão: Spermatophytina Classe: Angiospermae Subclasse: Dicotyledonae Ordem: Geraniales Família: Malpighiaceae Gênero: Malpighia Espécie: Malpighia emarginata D.C.2.2. Morfologia
 A aceroleira é um arbusto ou uma árvore pequena, com tronco       único, freqüentemente ramificado, com pequeno ou médio porte. No caso do       plantio comercial, as plantas são mantidas a uma altura de 1,3 a 3,2 m, formando uma       copa densa, constituída de numerosos ramos lenhosos, espalhados e       normalmente curvados para baixo. Quando as plantas são cultivadas       livremente, podem alcançar uma altura de 6 a 9 metros. O crescimento da planta pode ser longitudinal ou lateral e       desenvolve-se das axilas das folhas, nos ramos do ano anterior ou nos       ramos do mesmo ano. As ramificações terminais possuem de 15 a 30 cm de comprimento,       com entrenós longos, folhas longas e largas. As ramificações laterais       surgem das axilas das folhas, têm entrenós curtos, folhas agrupadas, mais       curtas e estreitas. O sistema radicular é formado por uma raiz pivotante ou por       raízes axiais, sendo que a maior parte delas estão localizadas na parte       mais superficial do solo. As folhas da planta são inteiras, opostas, de pecíolo curto,       subpapiráceas a papiráceas (consistência do papel), variavelmente       obovadas (de forma ovada, mas com a parte mais larga voltada para o       ápice), em algumas plantas ovaladas ou elípticas-lanceoladas, lisas ou       onduladas, de coloração verde-pálida na face inferior. As folhas estão       localizadas sobre os brotos de ramificações terminais, de coloração       verde-escura e brilhante na face superior e verde-pálido na inferior, são       simples, inteiras e tem posição oposta, com pecíolo curto, de forma oval,       ovalada, elíptica ou elíptico-lanceoladas, geralmente compridas, com um       comprimento médio de 4 a       6 cm,       podendo variar de 2,2 a       10 cm;       uma largura média de 1,23        a 2,62        cm e com uma variação de 0,6 a 4 cm; elas têm um ápice       obtuso e normalmente emarginado (pequena reentrância no ápice), raramente       agudo; base aguda a acuneada (forma de cunha). As folhas das ramificações       laterais são mais curtas, com 3        a 4,2        cm de comprimento e estreitas, com 1,7 a 2,1 cm de largura.       Existem plantas com e sem pêlos nas folhas e nos pequenos ramos. As inflorescências e as flores podem tanto originar-se na       axila das folhas dos ramos maduros em crescimento, como também nas axilas       das folhas do ramo recém brotado, onde crescem isoladas ou em cachos de       dois ou mais frutos. A planta forma as inflorescências de coloração rosa,       rosa-esbranquiçada, violeta-esbranquiçada a vermelha, as quais estão       dispostas em cimeiras axilares (inflorescências com ramificação sempre       terminal que acaba sempre em uma flor e com número definido de ramos),       pedunculadas, com 2-3 a       4-5 flores em média, podendo variar de 1 a 6; os racimos       (cachos) em forma de umbela (numerosas flores pedunculadas) se inserem na       mesma altura do eixo principal, com 1,5 a 2 cm de comprimento,       chegando até 2,5 cm. As flores surgem sempre após um surto de crescimento       vegetativo e estão dispostas em pequenos cachos axilares, são de       coloração (dependendo do clone) branca, rósea-esmaecida, rosa-pálida a       violeta esbranquiçada e, aparecendo na planta depois de um surto de       crescimento vegetativo, são originadas das axilas das folhas dos ramos       maduros ou das axilas das folhas dos ramos de brotações recentes ou       novos; estas flores são hermafroditas ou perfeitas (flor masculina e       feminina na mesma planta e na mesma flor), pequenas, medindo       transversalmente cerca de 1,2        a 2,5        cm. |  
 |       |              | O cálice possui entre 6 a 10 pequenas sépalas sésseis (sem       pedúnculo), de coloração verde. A corola é formada por 5 pétalas       persistentes, franjadas ou irregularmente dentadas, algumas ou todas com       glândulas sésseis, podendo ter de 6 a 10 por cálice, as pétalas com garras       finas e de coloração verde, apresentando 10 estames funcionais. Os estames, em número de 10, são glabros (sem pêlos), bem formados,       todos sustentando na sua extremidade uma antera; tem os filetes unidos na       sua base e são todos funcionais. O gineceu (parte feminina da flor) é tricarpelar,       constituído de ovário globular, glabro, súpero, fusionado, com 3 lóculos       e 3 estilos; com estilo truncado ou obtuso no ápice, mas raras vezes       levemente uncinado (que produz ganchos na superfície); estilos laterais       grossos, levemente curvados, com 3 a 3,5 mm em média,       podendo variar de 2,5 a       4 mm. A aceroleira produz flores em abundância, contudo o índice       de pegamento de frutos é pequeno, o que se deve à baixa eficiência de       polinização aberta. A iniciação floral ocorre antes de 8 a 10 dias da emissão da       gema, do aparecimento do botão floral à antese (abertura) da flor,       decorrendo, em geral, 7 dias e da antese até o amadurecimento do fruto       cerca de 21 a       32 dias. A planta, quando originada de propagação vegetativa (estaquia e       enxertia) com irrigação e adubação, inicia seu florescimento depois de 5 a 7 meses do plantio da       muda no campo. As mudas propagadas por sementes, nas mesmas condições,       florescem e frutificam depois do segundo ano. Em clima tropical, a planta       produz regularmente entre 9 e 12 anos de idade, enquanto em clima       subtropical, uma planta permanece em produção durante 12 a 15 anos depois de       seu plantio no campo. O fruto da acerola é uma pequena drupa carnosa, tripirenóide       ou tricarpelada, de forma ovóide deprimida a subglobosa, arredondada,       ovalada ou cônica e, quando maduro, de cor vermelha, roxa ou amarela,       normalmente mais largo do que comprido; o fruto tem um comprimento       (altura) de 1 a       2,5 cm,       variando de 1,82 a       4,11 cm       de diâmetro e peso de 3 a       8 gramas,       mas os frutos maiores podem ter um peso de até 16,4 gramas. As aceroleiras crescem isoladas ou em cachos de 2 ou mais       frutos, sempre na axila das folhas, notando-se que os frutos que crescem       isolados geralmente são maiores quando comparados com aqueles formados em cachos. Um fruto       contém em sua polpa cerca de 80% ou mais de suco, sendo que 60 a 70% deste suco é       facilmente extraído. O epicarpo é muito fino e delicado; a casca tem a superfície       lisa ou sensivelmente trilobada, tornando-se membranosa, muito fina e       delicada, sendo facilmente lesionada durante o manuseio incorreto do       fruto maduro; a parte externa apresenta-se de cor verde, quando o fruto       está em desenvolvimento, passando para uma cor amarelo-púrpura,       amarelo-laranja, vermelho-alaranjada, vermelho a vermelho-escura, quando       está em plena maturação. O mesocarpo é formado por células grandes e       suculentas, com polpa macia, sucosa, ácida, subácida, ligeiramente doce,       ou doce acidulada em algumas variedades, de sabor agradável e bem       característico. No interior do fruto existem 3 caroços unidos no centro do       mesocarpo, os quais dão origem a 3 expansões laterais, que têm formas de       asas ou cristas longitudinais, com textura resistente e apergaminhada. Os       caroços (reticulados e mais ou menos trilobados) são duros e constituem o       endocarpo, podendo ou não conter uma semente no interior de cada um,       formada por células alongadas e lignificadas, de fibras vasculares       adjacentes, sendo que a semente falta com muita freqüência, devido à       ocorrência de anormalidades no seu desenvolvimento, na formação do óvulo,       pela deterioração do saco embrionário, como falta de polinização, na       ausência de fertilização, pelo abortamento do embrião ou devido à       incompatibilidade bem acentuada por auto-cruzamento. Cada semente está       inserida num caroço reticulado, têm a forma ovóide, é pequena, com 2,5 a 5,1 mm de comprimento       por 1,8 a       3,2 mm       de largura e mostra em sua extremidade mais estreita uma saliência, que é       a radícula embrionária, sendo constituída por 2 cotilédones maciços, que       encerram entre eles, na região axial e em conexão com a radícula, a       plântula ou meristema apical. A planta tem capacidade para formar de 2 a 4 safras em clima       subtropical, de 3 a       6 safras em clima tropical e, quando são adubadas, irrigadas e com uma       condução adequada, podem florescer e frutificar continuamente em clima       tropical. Os frutos, quando estão completamente maduros, desprendem-se facilmente       da planta e caem no solo, sofrendo lesões na casca e na polpa,       principalmente por sua casca fina, delicada e pelo seu alto conteúdo de       suco na polpa. |  
 |       |              | 3. História do Melhoramento Os primeiros trabalhos visando a seleção de aceroleiras com       características de interesse agronômico foram realizadas em Porto Rico, na       Flórida e no Havaí. Entre os cultivares obtidos estão os principais       atualmente cultivados em        Porto Rico, Flórida e Havaí, como Florida Sweet e B-15. A seleção desses       genótipos foi baseada principalmente na produtividade, em características       do fruto (tamanho, conteúdo de vitamina C e açúcares) e na conformação da       copa. No Brasil, o único cultivar de acerola recomendado para o       plantio comercial é o Sertaneja BRS, lançado pela Embrapa Semi-Árido, o       que torna os dados bem variáveis. Em plantios comerciais, a produção       varia de 20 a       50 kg       de frutos/planta/ano, sendo que em uma das maiores empresas produtoras de       acerola, a Caju da Bahia S.A. (CAJUBA), a produção média apresentada é de       27 kg/planta/ano. Suplantada a euforia inicial, que caracterizou a explosão de       cultivo da aceroleira no Brasil na década de 80, a espécie constitui       importante alternativa econômica para a região Nordeste, não só pela       consolidação do mercado de polpa congelada, como também pela       possibilidade real de aproveitamento na extração de vitamina C. O       Nordeste brasileiro, por suas condições de solo e clima, é a região do       país onde a acerola melhor se adapta, o que incentiva a instalação de       grandes empreendimentos agroindustriais em torno desta cultura e favorece       a geração de empregos. Inicialmente, os trabalhos de melhoramento da aceroleira       foram conduzidos em diversas instituições, como a Empresa Pernambucana de       Pesquisa Agropecuária – IPA, a Empresa de Pesquisa Agropecuária da       Paraíba – EMEPA, a Universidade Estadual de Londrina – UEL e a Empresa       Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, no Centro de Pesquisa       Agropecuária do Trópico Semi-Árido – CPATSA, no Centro Nacional de       Pesquisa de Mandioca e Fruticultura Tropical – CNPMF e no Centro Nacional       de Pesquisa de Agroindústria Tropical – CNPAT, entre outras. Diversos trabalhos têm sido conduzidos em outras       instituições do país, nas quais estão sendo desenvolvidos estudos básicos       de suporte ao melhoramento, como os relacionados à biologia reprodutiva,       citogenética, controle genético das características de fruto, etc. No Brasil grande parte dos plantios comerciais foi formada a       partir de mudas oriundas de propagação sexuada, resultando em grande       desuniformidade genética. Faltam variedades comerciais definidas, que       reunam qualidade de fruto e alta produtividade. Essa situação começa a       reverter-se, uma vez que as instituições de pesquisa começam a lançar       novas variedades. Algumas variedades, selecionadas em plantios comerciais       e difundidas regionalmente são relatadas na literatura, embora sem       descrição detalhada, entre as quais pode-se citar: Coopama-1; Okinawa;       Inada; Flor Branca; Barbados; Mineira; Monami e Camta 40.2. No estado de Pernambuco, tanto a Universidade Federal Rural       de Pernambuco como a Embrapa Semi-Árido, vêm desenvolvendo programas de       melhoramento de aceroleira. Na Embrapa Semi-Árido foi estabelecida, em       1992, uma coleção que conta, atualmente, com 42 acessos, introduzidos por       propagação sexual e assexual; dentre estes, as 18 primeiras introduções       foram caracterizadas e avaliadas, levando-se em consideração produção por       planta, número de frutos colhidos, peso médio do fruto, teor de ácido       ascórbico, sólidos solúveis totais, acidez titulável e coloração da       polpa. A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das       Almas/BA, está desenvolvendo um trabalho de avaliação de seu banco de       germoplasma de aceroleira, que conta atualmente com 154 acessos, dos       quais 20 foram caracterizados de maneira mais ampla, considerando-se 20       descritores. A partir da caracterização destes acessos, 7 se destacaram       por agrupar maior número de características de interesse e estão sendo       multiplicados para avaliação clonal. E Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA)       iniciou em 1991 um trabalho de coleta de germoplasma de acerola no estado       de Pernambuco, a partir do qual foram obtidos 14 clones. Na Paraíba, a EMEPA mantém, na Estação Experimental de       Mangabeira (João Pessoa), uma população de aproximadamente 1000 plantas,       oriundas tanto de processo sexuado como assexuado, que tem alimentado os       plantios do Estado. A partir desse germoplasma a empresa está buscando       selecionar genótipos promissores para estabelecimento de um programa de       melhoramento genético. As descrições da planta que estão sendo utilizadas       referem-se a porte, arquitetura da copa, idade, dados relativos à       colheita (número, período de duração) e produção, bem como características       do fruto, como peso, diâmetro, consistência, cor, sabor e rendimento de       polpa. |  
 |       |              | No estado do Paraná, o programa de melhoramento genético de       aceroleira da UEL iniciou-se em 1992, com a formação de um pomar clonal,       constituído de genótipos selecionados em pomares no Norte do Estado. Na Universidade Federal de Viçosa foram avaliadas       características do fruto de 112 genótipos, com o objetivo de obter uma       avaliação preliminar do seu potencial para utilização como novas       variedades, para utilização em cruzamentos e também para orientar o       intercâmbio de germoplasma com outras instituições. Com o objetivo de melhorar a qualidade da acerola por meio       do aumento do conteúdo de vitamina C e da produção de frutos, visando       reduzir custos e aumentar a produtividade, está em execução, no estado do       Ceará, desde 1976, um programa de melhoramento genético desenvolvido na       Embrapa Agroindústria Tropical.4. Objetivos do Melhoramento
 O melhoramento da aceroleira tende a se dividir em       melhoramento de variedades para copa e de porta-enxertos, apresentando,       em cada caso, objetivos distintos.  Antes de definir os objetivos de um programa de melhoramento       de aceroleira, deve ser considerado o destino de seus frutos. Frutos       destinados para mesa, comercialmente, e para o plantio doméstico devem       ser doces e apresentar sabor agradável. O teor de ácido ascórbico desse       tipo de fruto é baixo se comparado com o dos frutos do tipo azedo, mas       excede em muito o de outras frutas. O sabor suave, o valor nutricional e       a aceitação dos frutos, bem como a natureza ornamental das plantas, são       qualidades desejáveis para as variedades de frutos doces. Variedades com       finalidade industrial devem apresentar maior teor de ácido ascórbico       (consequentemente, frutos mais ácidos), conformação de copa adequada para       cultivo em pomares comerciais e alta produção, além de resistência a       pragas e doenças. As baixas produtividades registradas atualmente nos pomares       de aceroleira direcionam a seleção prioritariamente para a obtenção de       plantas que produzam pelo menos 100 kg/planta/ano de frutos. O porte da planta é um caráter da maior importância em       fruteiras perenes. O porte baixo facilita a colheita e as práticas de       manejo, como poda, combate às pragas e doenças. A uniformidade de copa é       importante para o bom ordenamento das plantas de acordo com a densidade       populacional estabelecida, com reflexos positivos no manejo do pomar e na       produção. Outro caráter de importância econômica em acerola é o teor       de vitamina C dos frutos. Deve-se ressaltar que, não obstante o caráter       produção ter sido historicamente o de maior importância nos programas de       melhoramento de plantas, esse atributo não constitui, quando considerado       de forma isolada, passaporte para que, um clone ou uma variedade, seja       aceito de imediato, sobretudo em se tratando de fruteiras perenes. Nessas       espécies, a qualidade do produto é, quase sempre, tão ou mais importante       que a quantidade produzida, seja no caso de consumo ao natural, seja       quando do consumo do produto industrializado. Assim, características como       cor do fruto, sabor, odor, textura e coloração da polpa, teor de açúcar,       acidez, uniformidade, tamanho, resistência ao transporte, entre outros,       são da maior importância e devem ser relevadas nos programas de       melhoramento. De maneira geral, podem-se estabelecer os seguintes       caracteres como base para a seleção de variedades: - Variedades para mesa (frutos do tipo doce): frutos de       tamanho grande (³ 15 g),       relação sólidos solúveis totais/acidez de aproximadamente 10:1, polpa       vermelha e consistente, boa palatabilidade, alta relação polpa/semente. A       planta deve apresentar copa globular, com boa aeração e pilosidade       ausente ou baixa nas folhas. - Variedades para indústria (frutos do tipo azedo): frutos       de tamanho médio ou grande (³ 9        g), sólidos solúveis totais acima de 8%, teor de       ácido ascórbico superior a 1500 mg/100 g de polpa, alta relação       polpa/semente, polpa vermelha ou amarela (utilizada para enriquecer suco       de outras frutas). A planta deve apresentar copa globular, com boa       aeração, produtividade acima de 50t/ha e pilosidade ausente ou baixa nas       folhas. Os programas de melhoramento de aceroleira têm voltado suas       atenções também para a resistência e tolerância a pragas e doenças, que       estão se tornando fatores limitantes para a cultura na região Nordeste,       principalmente as pragas de fruto e o nematóide das galhas. Esse fato       certamente irá acometer outras regiões produtoras, principalmente devido       à tendência de uniformização genética dos novos plantios. Ênfase especial tem sido dada à procura de genótipos       resistentes ou tolerantes ao nematóide das galhas (Meloidogyne       spp.), um dos principais problemas fitossanitários da cultura da       aceroleira. As espécies de insetos de maior ocorrência e danos em       aceroleira são: percevejo vermelho pequeno (Crinocerus sanctus),       bicudo do botão floral (Anthonomus acerolae), cigarrinha (Balbonata       tuberculata), pulgão (Aphis spiraecola), ortézia dos citros (Orthezia       praelonga) e minador das folhas (Physocoryna scabra). Com relação as enfermidades, já existe número considerável       de patógenos catalogados para a aceroleira no Brasil, inclusive       enfermidades até então não relatadas para a cultura em outros países. No       entanto, nenhum deles pode ser considerado, até o momento, como fator       limitante do sucesso da cultura, embora com a quebra do equilíbrio       biológico, a tendência seja de que as enfermidades venham a se tornar       mais expressivas e danosas. Durante o processo de seleção, deve-se procurar, juntamente com       o melhoramento para outras características, selecionar genótipos que       apresentem bom estado de sanidade, visando associar resistência a doenças       com as demais características de interesse. As principais doenças       constatadas em aceroleira são: antracnose (Colletotrichum       gloesporioides), mancha castanha (Cercospora sp.), mancha       cinza concêntrica (Myrothecium sp.), verrugose (Sphaceloma       sp.), podridão dos frutos (Rizophus sp.), seca lenta (Lasiodiplodia       theobromae) e mancha de alga (Cephaleuros virescens), além de       outras associações patogênicas que esporadicamente causam morte das       plantas. Com o desenvolvimento e expansão da cultura, é bem provável       que a utilização dos porta-enxertos venha a se tornar uma necessidade;       estes porta-enxertos deverão possuir resistência a nematóides das galhas,       sistema radicular vigoroso e induzir adequada conformação de copa. Outras características podem ser, num determinado espaço de       tempo, desejáveis para atender a situações específicas do sistema de       produção ou tendências de mercado. Nesses casos, o melhorista deve       avaliar a viabilidade econômica do investimento na pesquisa. |  
 |       |              | 5. Métodos de Melhoramento A base dos trabalhos de melhoramento de aceroleira tem sido       a seleção de genótipos portadores de características de interesse em       pomares comerciais a partir de avaliações exclusivamente fenotípicas e,       posteriormente, a multiplicação vegetativa e a avaliação desses genótipos       em campos experimentais sob delineamentos, visando obter valores       fenotípicos mais próximos dos respectivos valores genotípicos e a       diminuição das variações devido a interações genótipo x ambiente. Embora o material cultivado no Brasil tenha base genética       estreita, grande variabilidade foi gerada pela recombinação gênica,       decorrente da utilização de mudas provenientes de propagação sexuada, na       formação dos pomares comerciais. A seleção tem sido feita principalmente       com base em características da planta (produção, porte e conformação da       copa) e do fruto (tamanho, sabor, consistência, coloração e rendimento de       polpa). A possibilidade, até o momento, da seleção em pomares comerciais       de materiais com grande potencial para utilização como novas variedades é       um fator que diminui os custos iniciais do melhoramento da aceroleira. Os métodos mais promissores para os programas de       melhoramento da aceroleira são a introdução de germoplasma, seleção de       clones, seleção massal e seleção com teste de progênies. O melhoramento       voltado para a obtenção de clones visa atender a demanda imediata de       novas variedades, enquanto o melhoramento populacional, visando a       obtenção de sementes melhoradas, seria utilizado como antecipação aos       problemas que possam ocorrer pela futura massificação do plantio de       clones. Embora a utilização de populações obtidas a partir de sementes       melhoradas possivelmente apresente redução da produtividade em relação ao       plantio de clones, são menos prováveis os problemas fitossanitários que       podem ter conseqüências desastrosas em cultivos geneticamente homogêneos.5.1. Introdução de Germoplasma
 A introdução de variedades melhoradas de outras regiões pode       resultar na disponibilidade imediata de tipos favoráveis, à semelhança       daqueles desenvolvidos em programas de melhoramento. Sendo a cultura da       aceroleira ainda recente no Brasil, este método apresenta grande       potencial, principalmente pela introdução de materiais-elite de outros       países para uso direto como novas variedades. A longo prazo, o método       passa a ter importância na introdução de materiais para uso como       genitores na obtenção de populações segregantes, visando a introdução de       genes de interesse, como resistência a doenças e pragas que porventura       não se encontrem em nosso germoplasma. Diversos programas tem introduzido germoplasma de       aceroleira, aproveitando materiais com características desejáveis       identificados em outras regiões, principalmente através do intercâmbio       entre diferentes instituições nacionais de pesquisa. No entanto, para que       o processo de introdução seja eficiente é necessário que seja orientado a       partir da caracterização adequada do material. As diferenças nos       descritores e na metodologia de avaliação de características utilizados       nas diferentes instituições têm dificultado o intercâmbio de informações       e germoplasma. Esse problema, no entanto, tende a ser contornado, através       da adoção de um guia de descritores mínimos, definido em reunião       realizada em setembro de 1999, na Embrapa Mandioca e Fruticultura       Tropical. O processo de melhoramento por meio da introdução de       germoplasma consiste na introdução do material, caracterização deste nas       condições locais, em experimentos com delineamentos adequados para       estudos da interação genótipo x ambiente e seleção dos materiais de       melhor desempenho para utilização imediata como novas variedades. No caso       de clones, o material deve ser introduzido a partir de material       vegetativo, visando manter a integridade genotípica dele.5.2. Seleção de Clones
 A seleção de clones é a maneira mais eficiente para suprir a       demanda imediata de variedades. O resultado pode ser visualizado a curto       prazo, e esta tem sido a principal metodologia adotada nos programas de       melhoramento de aceroleira. Por se tratar de uma espécie que pode ser       propagada vegetativamente, o genótipo de cada planta pode ser transmitido       integralmente através das gerações e multiplicado assexuadamente. Os       genótipos das plantas, multiplicados via clonagem, são avaliados em       diversos ambientes e períodos, em delineamentos apropriados. Assim, os       valores médios de cada planta podem ser obtidos com alta precisão, o que       permite a seleção e identificação dos genótipos com características       desejáveis. Na seleção visando a obtenção de clones não há interesse em       conhecer as magnitudes dos componentes da variância genética, uma vez que,       com a reprodução integral dos genótipos através das gerações, a       covariância genética entre genitores e descendentes inclui todos os       componentes de variância genética. A seleção inicial deve ser feita para os caracteres de alta       herdabilidade, destacando-se as plantas em que estes caracteres estão       abaixo do nível desejado. Nesta fase são avaliadas centenas ou milhares       de plantas e forte índice de seleção deve ser aplicado. As plantas       selecionadas são em seguida clonadas, para se iniciar a avaliação em experimentos       com repetições. Na primeira fase de avaliação, tem-se grande número de       clones, devendo ser utilizado pequeno número de repetições. Nesta fase, a       ênfase é testar o maior número possível de clones, em detrimento do       número de plantas na parcela e do número de repetições, numa mesma       unidade de área. Geralmente, a avaliação é feita em um único local. Após       cada fase de avaliação o número de clones diminui, enquanto o número de       repetições e os locais aumentam, podendo essas avaliações ser repetidas       em diferentes anos, aumentando-se a precisão experimental. O número mínimo de repetições exigidas para selecionar com       segurança os genótipos favoráveis pode ser obtido a partir do coeficiente       de repetibilidade das características em avaliação. O       conhecimento do coeficiente de repetibilidade das características de       interesse permite avaliar o dispêndio de tempo e mão-de-obra necessários       para que a seleção de indivíduos geneticamente superiores seja feita com       a acurácia desejada. Valores altos de estimativa do coeficiente de       repetibilidade indicam que é possível comparar os genótipos com alto       nível de precisão com base na média de um número relativamente pequeno de       medidas repetidas. Por outro lado, haverá pouco ganho em acurácia com o       aumento do número de medidas repetidas. Quando a repetibilidade é baixa,       grande número de repetições é necessário para que se alcance um valor de       determinação (nível de precisão) satisfatório.  As estimativas dos coeficientes de repetibilidade das       características altura média, diâmetro médio e peso médio de fruto,       conteúdo de vitamina C e acidez titulável demonstraram, em estudos, alta       regularidade na superioridade dos indivíduos de um ciclo para outro e que       2 ciclos de avaliação são suficientes para seleção dos melhores       indivíduos com nível de confiança nas inferências acima de 90%. A característica sólidos solúveis totais demonstrou ser       bastante influenciada pelo ambiente, sendo necessárias, no mínimo, 7       medições para alcançar um nível de precisão de 90% na comparação entre       indivíduos. A característica relação peso da polpa/peso do fruto (RPF)       foi altamente irregular de um ciclo para outro, sendo necessárias, no       mínimo, 26 medições para alcançar coeficientes de determinação superiores       a 90%, demonstrando ser inviável o aumento do número de medições visando       aumentar a eficiência da seleção.  |  
 |       |              | 5.3. Seleção Massal O método consiste na seleção de indivíduos com       características fenotípicas favoráveis, que irão constituir a geração       seguinte. Os materiais selecionados se intercruzam aleatoriamente a cada       geração. Considerando que a seleção e a recombinação são simultâneas, via       de regra, a seleção ocorre em apenas um sexo. A seleção massal explora a       variabilidade já existente na população e visa aumentar a freqüência dos       fenótipos de interesse e, consequentemente, dos genes favoráveis. É um       método simples, de fácil condução e pouco dispendioso. No entanto, na       obtenção de populações melhoradas, seu resultado é de longo prazo. A       eficiência do método depende da herdabilidade das características, sendo       efetivo para genes de efeito aditivo. A seleção de indivíduos é feita       exclusivamente com base no fenótipo. São poucos os dados referentes à herdabilidade e influência       do ambiente em características de fruto e da planta de aceroleira. Quando       não se dispões de informações referentes à herdabilidade, o coeficiente       de repetibilidade, que representa o limite máximo da herdabilidade no       sentido amplo, é um bom indicador do controle genético das       características. O tamanho, o peso do fruto, a variância fenotípica entre       plantas de vitamina C e a acidez titulável são características de alta       regularidade, com coeficientes de repetibilidade superiores a 0,8,       indicando que, para estas características, a seleção massal deverá ser       efetiva, proporcionando boa resposta à seleção. Por outro lado, as       características sólidos solúveis totais e a relação polpa/semente       apresentam baixos coeficientes de repetibilidade e grande influência       ambiental, o que torna a seleção massal pouco efetiva para estas       características.5.4. Seleção com Teste de Progênies
 A seleção com base no comportamento das progênies é mais       eficiente do que a realizada com base exclusivamente no fenótipo dos       indivíduos. Assim como os experimentos clonais, a seleção baseada em       famílias permite que sejam feitas repetições, sendo as avaliações mais       precisas, devido à redução da variação fenotípica.5.4.1. Seleção entre famílias de meio-irmãos
 A seleção com teste de progênies de meio-irmãos sugerida       para a aceroleira constitui adaptação do método de seleção recorrente       entre famílias de meio-irmãos; no entanto, a seleção e a recombinação       ocorrem na mesma etapa. O método tem como finalidade a obtenção de       populações melhoradas de polinização aberta para uso como variedades. A       população inicial a ser submetida à seleção constitui-se de pomares       comerciais, onde, como relatado anteriormente, existe variabilidade       suficiente para garantir a seleção de bons materiais. A seleção inicial, nos pomares comerciais, é baseada       exclusivamente na avaliação fenotípica, e grande número de plantas deve       ser avaliado. Devem ser consideradas características de fácil mensuração       e visualização, como forma da copa, presença de pêlos nas folhas, peso, cor       e sabor dos frutos e estado fitossanitário geral da planta. Em trabalhos       de seleção a partir de pomares comerciais, têm-se avaliado de 1000 a 50000 plantas.       Um índice de seleção rigoroso deve ser adotado, visando maximizar o ganho       genético e viabilizar a utilização de experimentos com repetições. As famílias de meio-irmãos (FMI), submetidas à avaliação       durante o processo de seleção, podem ser obtidas a partir da coleta de       sementes das plantas selecionadas na população inicial (pomares       comerciais), de maneira que a população irá contribuir com metade dos       genes nas famílias selecionadas. Assim, muitos genótipos com       características indesejadas, presentes nos pomares comerciais, contribuem       para a formação das progênies. Outra maneira de obtenção das FMI é por meio       do intercruzamento somente das plantas selecionadas individualmente na       população inicial, que devem ser propagadas vegetativamente e       estabelecidas em um campo de policruzamento. Esse procedimento visa obter       progênies que conduzam apenas genes oriundos das plantas selecionadas,       garantindo maior progresso genético. Além de possibilitar maior progresso genético, os campos de       policruzamento obtidos a partir das plantas selecionadas nos pomares       comerciais permitem que seja feita a avaliação clonal e a identificação       de materiais para uso imediato como clones. Para serem recomendados para       plantio, os materiais mais promissores, identificados nos campos de       policruzamento, devem ser multiplicados e avaliados em diferentes       ambientes. As famílias são avaliadas individualmente em ensaio em um       único local, com repetições, e a seleção é baseada na média das famílias.       Durante essa avaliação ocorre cruzamento aleatório das famílias. O número       de características avaliadas deve ser maior, sendo incluídas       características físico-químicas dois frutos (SST, acidez, teor de ácido       ascórbico, teor de antocianina, relação polpa/sementes, peso e tamanho do       fruto) e dados morfológicos e fenológicos das plantas (forma da copa,       altura da planta, época e duração do florescimento e da frutificação,       produção e pilosidade das folhas). A partir do ensaio de avaliação das famílias de meio-irmãos,       é feita a seleção entre famílias. Os frutos são colhidos das melhores       famílias e darão origem às progênies sobre as quais será efetuado novo       ciclo de seleção. Vários procedimentos alternativos podem ser explorados       na seleção com testes de progênies. Como exemplo, após avaliação das FMI,       mantêm-se as melhores e eliminam-se as demais, de maneira que no próximo       ciclo de recombinação contribuam apenas as FMI selecionadas; assim, a       seleção estará sendo praticada em ambos os sexos. Na escolha do procedimento de seleção a ser adotado, deve-se       considerar a duração do ciclo de seleção (obtenção, avaliação, seleção e       recombinação das progênies), que varia segundo o critério de seleção       adotado, o sistema de cruzamento e a duração do período juvenil. Assim, o       progresso genético anual torna-se muito mais informativo que a resposta       por ciclo de seleção. Quanto menor for o ciclo de seleção, maior tende a       ser a resposta por ano e menor o custo dessa resposta. |  
 |       |              | 5.4.2. Seleção entre e dentro de famílias de meio-irmãos As progênies provenientes de plantas selecionadas nos pomares       comerciais, em grande parte estabelecidos a partir de mudas de origem       sexuada, são geneticamente heterogêneas, uma vez que são constituídas de       plantas com alto grau de heterozigose. As diferenças genéticas entre       plantas dentro das famílias podem ser exploradas por meio da seleção de       plantas dentro das melhores famílias. No entanto, para que a seleção       dentro de progênies seja efetiva, além de existir heterogeneidade       genética dentro das parcelas, a característica deve apresentar alta       herdabilidade, pois a seleção é feita com base na avaliação de plantas       individuais dentro das parcelas; nesse caso, o nível de precisão é       inferior ao obtido quando a seleção é feita com base na média ou nos       totais de parcelas. Isso se deve à diminuição da influência dos erros       experimentais quando se utilizam médias, em vez de indivíduos, como       critério de seleção. Foram obtidas estimativas de herdabilidade para progênies em       fase juvenil (1 ano de idade) em nível de plantas, entre e dentro de       progênies, para as características altura da planta, diâmetro do caule,       conformação da copa, florescimento e frutificação. As estimativas obtidas       indicam que, com exceção do florescimento, ganhos de seleção de progênies       serão superiores aos obtidos com a seleção de plantas dentro de progênies.       No entanto, os índices que correspondem à variação ambiental entre e       dentro de progênies, indicaram uma condição mais favorável para a seleção       dentro de progênies, principalmente no que se refere à altura de planta,       ao diâmetro do caule e à frutificação.5.5. Hibridações Controladas
 Para realização de cruzamentos controlados entre aceroleiras       é necessário que o melhorista esteja familiarizado com os hábitos de       floração e a morfologia floral, dominando as técnicas de emasculação e       polinização. Para realizar a emasculação e a polinização é necessário:       observar o horário da antese floral; escolher o botão floral intumescido,       apto à emasculação; retirar as pétalas e os estames; isolar o botão       floral com saquinhos; examinar o sucesso da emasculação; e depositar o       pólen do genitor masculino no estigma receptor do genitor feminino. Na execução das polinizações, uma das técnicas utilizadas       consiste no seguinte: a) proteção dos botões florais na tarde do dia anterior à       sua abertura, nas inflorescências que servirão como genitor feminino; b) no dia seguinte, efetuar a emasculação das flores       protegidas, nas inflorescências do genitor feminino; c) coleta dos botões florais na tarde do dia anterior à sua       abertura nas inflorescências que servirão como genitor masculino,       acondicionando-as em frasco de vidro com pequeno chumaço de algodão       umedecido; d) no dia seguinte, das 8 às 12 horas, quando ocorre as       antese das flores e o horário é favorável à deiscência das anteras, a       polinização manual é efetuada, balançando-se a flor coletada sobre o       estigma da flor receptora, de forma que os grãos de pólen se soltem e       fiquem aderidos à sua superfície; e) após uma semana, efetua-se a verificação do pegamento. É conveniente salientar que as condições ambientais locais       podem modificar o horário de realização dessas atividades. |  
 |       |              | 6. Perspectivas e Tendências O cultivo da aceroleira no Brasil se caracterizou por um       crescimento rápido e desordenado de pomares que utilizavam técnicas de       plantios as mais variadas possíveis. Plantios iniciados com mudas obtidas       por via sexuada originavam alta segregação no porte da planta, no       tamanho, forma e teor de vitamina C dos frutos e na produção. A produtividade       média desses plantios era de 20        a 30        kg de frutos por planta/ano, considerada baixa. A       ocorrência de deficiências nos processos de irrigação e de adubação,       perdas de até 30% por ocasião da colheita e, sobretudo, alto perecimento       dos frutos são alguns dos problemas registrados nesses plantios.       Especialistas da área de processamento de alimentos referem-se à forma       inadequada de congelamento e/ou armazenamento dos frutos e da polpa, que       causa o amarelecimento destes e, consequentemente, a perda de seu valor       comercial. Outro aspecto a ser analisado é que o cultivo da acerola       precisa estar associado à agroindústria. Talvez seja esta a principal       causa da frustração de muitos pequenos produtores que entraram no       negócio, entusiasmados pelos altos preços de mercado na época, mas que       não contavam com estrutura de beneficiamento dos frutos, negligenciando,       também, outros detalhes da cadeia produtiva. É conveniente destacar que       enquanto o médio e o grande produtor, mais bem estruturados para atender       às necessidades do mercado, consideram a cultura lucrativa, os demais       eliminaram os seus pomares, por falta de rentabilidade. A aceroleira pode ser considerada uma espécie rústica, fácil       de ser cultivada, apesar do pouco conhecimento existente. Entretanto, a       colheita manual eleva muito o custo de produção de um pomar comercial, em       alguns casos inviabilizando-o economicamente. Na época em que o produto       era, de certa forma, novidade, o preço de mercado remunerava       adequadamente o produtor. No entanto, o que se observa atualmente é a       acomodação dos preços, provocando desestímulo aos produtores. Do ponto de vista da fruticultura moderna, qualquer       incentivo à produção em escala comercial de determinado produto deve ser       acompanhado por incentivos à pesquisa, objetivando minimizar os custos de       produção e incorporar ao processo produtivo as tecnologias geradas       localmente ou aquelas adaptadas. No caso da acerola no Brasil, a pesquisa       estava desorganizada e não atendeu às necessidades imediatas dos       produtores. A pesquisa foi canalizada para métodos de propagação com       pouca diversificação em suas linhas e poucos resultados incorporados ao       processo produtivo. Atualmente, passada a euforia inicial, a pesquisa está se       estruturando para atender à demanda dos produtores em relação à obtenção de       cultivares que concentrem a produção em determinados períodos do ano,       para redução dos custos com mão-de-obra na colheita; às causas que levam       ao amarelecimento de frutos e polpas congeladas; bem como às formas de       armazenamento e conservação, para que o produto tenha seu valor comercial       garantido por mais tempo. Outras pesquisas estão sendo propostas nas       áreas de fitossanidade, processamento de suco e irrigação. Diante dessas constatações, os produtores precisam estar       alertas para o manejo da cultura, analisando todos os setores da cadeia       produtiva e, principalmente, não iniciando novo plantio sem antes avaliar       o mercado, tanto do ponto de vista da demanda, como das exigências dos       consumidores em relação à qualidade do produto. Existe grande variabilidade genética a ser explorada nos       plantios comerciais brasileiros e nos bancos de germoplasma, fruto da       propagação sexuada e conseqüente recombinação e segregação gênica. No       entanto, a caracterização de genótipos é de fundamental importância no       suporte ao desenvolvimento de programas de melhoramento genético com essa       fruteira. Entretanto, na execução de trabalhos de caracterização, é       essencial a definição de descritores ou caracteres que vão ser       registrados e documentados, sendo a padronização um dos pontos-chave na       viabilização do intercâmbio de materiais e dados entre diferentes       pesquisadores e instituições. Pode-se sugerir que a variabilidade genética encontrada nos       plantios comerciais, implantados a partir de mudas de propagação sexuada,       contribuiu para a estabilização da estrutura racial de patógenos e para o       equilíbrio biológico das populações de pragas.  A partir dos conhecimentos acumulados até o momento com       relação à biologia reprodutiva da espécie, pode-se concluir que existe       grande variação na taxa de frutificação e que esta depende, em diferentes       graus, de acordo com o material, da polinização cruzada. Existem relatos       de que alguns genótipos apresentam sensível diferença na produção quando       são cultivados isolados ou em associação com outros. Assim, torna-se       importante o conhecimento do efeito da polinização na frutificação dos       genótipos utilizados nos programas de melhoramento, principalmente       daqueles destinados à obtenção de clones, pois pode ser necessária a       recomendação de plantios mistos, com combinações de clones em arranjos       que maximizem a produtividade. As espectativas a longo prazo estão voltadas para o       melhoramento populacional, pois este seria utilizado como prevenção       contra os problemas que possam ocorrer devido à homogeneização genética       dos pomares, advinda da utilização de clones em larga escala. Finalmente, o cultivo da acerola, por demandar muita       mão-de-obra, principalmente na colheita, como já foi anteriormente       comentado, ficará circunscrito aos países que detêm abundância desse       recurso a custos reduzidos, além de condições climáticas favoráveis ao       seu desenvolvimento. |  
 |  
 | 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário